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» Corgobus
![]() Vila Real situa-se na região Norte do País e tem no seu concelho cerca de 52.000 habitantes, dos quais 30 mil habitam no perímetro urbano. Nos últimos 20 anos e contrariando a tendência de toda a região, registou um crescimento populacional superior a 10%, um reflexo inflacionado pela importância acrescida desde 1986 com a criação da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.
O crescimento populacional e os jovens que se fixam no concelho para estudar, contribuíram para o agravamento do congestionamento automóvel no centro histórico, desencadeado não só pela escassez de lugares de estacionamento para responder à enorme procura, como à exígua malha rodoviária.
![]() A proposta da Câmara Municipal de Vila Real surge numa época em que o transporte rodoviário está no panorama nacional estagnado, vigorando o regime de concessões, ficando a totalidade da responsabilidade pela decisão de horários, operação e percursos, entregues aos operadores rodoviários. Em Vila Real, o grupo Santos e a Auto Viação do Tâmega detêm diversas concessões para a exploração de carreiras interurbanas, com alguns percursos sobrepostos com a nova rede concebida pela Câmara Municipal. Este facto contribuiu para que a rede proposta pela Câmara Municipal não ficasse isenta de queixas por parte dos vários interlocutores envolvidos.
Independentemente das razões invocadas, o tempo provou que a existência de um transporte dedicado ao perímetro urbano de Vila Real foi uma aposta ganha, com um modelo de negócio que define e responsabiliza a participação do município na mobilidade através de transporte público, constituindo um caso de estudo a replicar para outras localidades de dimensão idêntica ou maior.
Concessão
Abril de 1999 Celebração do protocolo entre a Câmara Municipal de Vila Real e a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto para a elaboração do estudo dos transportes urbanos na cidade de Vila Real.
Junho de 2000 Aprovação pela Câmara Municipal do relatório final do projeto e adjudicação do estudo de viabilidade técnico-económica em Dezembro.
![]() Novembro de 2003 Adjudicação da concessão e exploração da rede de transportes urbanos da cidade de Vila Real à espanhola CTSA - Corporacion Españhola de Transporte, S.A., resultando na assinatura do contrato de concessão a 20 de Maio de 2004 e a criação da Corgobus - Transportes Urbanos de Vila Real em Agosto de 2004. O contrato inicial representa um encargo anual para a autarquia de 450 mil euros, durante os 10 anos da concessão.
27 de Novembro de 2004 Apresentação oficial em cerimónia que decorreu na Praça do Município, iniciando-se a exploração comercial no primeiro dia de Dezembro de 2004.
Novembro de 2012 Câmara Municipal de Vila Real e Corgobus apresentam ao tribunal de contas uma proposta de contrato por ajuste direto que visa a renovação da concessão por 20 anos, pressupondo o alargamento da rede, o aumento da idade máxima de utilização da frota em contrapartida pela diminuição da compensação paga pela Câmara. O Tribunal de Contas rejeita.
Novembro de 2014 Termina o período contratual. A recusa do tribunal de contas em ajustar o contrato em vigor atrasa o processo e a Câmara decide prolongar o serviço com recurso a um ajuste direto à Corgobus por mais seis meses. O pagamento mensal é reduzido de 52.763€ para 35.333€, transferindo a amortização da frota para a alçada da Câmara. O recurso a esta solução viria a prolongar-se até o final de 2015.
Março de 2015 É lançado um novo concurso público internacional, cujo preço base é de 500 mil euros e um prazo de apresentação de propostas de 40 dias. O caderno de encargos prevê a manutenção das linhas em vigor, a extensão da área abrangida às freguesias de Borbela, Lamas de Olo, Vila Marim e Andrães e um novo sistema tarifário
![]() 31 de Dezembro de 2015 Último dia de operação da Corgobus. A partir de 1 de Janeiro de 2016 o serviço é assegurado pela TUVR, uma empresa criada pela Rodonorte, vencedora do concurso público para a concessão dos transportes urbanos para o período 2016 - 2025, assumindo o pessoal e o material circulante. No entanto, a Corgobus apresenta uma providência cautelar invocando discordância com o resultado do apuramento do concurso.
Maio de 2016 Em sequência do parecer do tribunal administrativo e fiscal de Mirandela é decretada a suspensão do contrato com o novo concessionário devido a uma providência cautelar interposta pela Corgobus. O serviço mantêm-se em funcionamento recorrendo a ajuste direto até Fevereiro de 2017.
Enquadramento Empresarial Em 2004, a Corgobus foi fundada pela CTSA - Corporacion Españhola de Transporte, SA, cujo capital reparte-se em partes iguais pela FCC e a Connex.
Em 2007, a CTSA é adquirida pelo recém criado Grupo Avanza (resultante da fusão em 2002 das empresa TUZSA, Auto-Res e Vitrasa), tornando-se um dos maiores grupos de transporte rodoviário espanhol, onde a entrada da CTSA comporta um conjunto significativo de redes de transporte urbano em exploração.
Em 2009, a presença do Grupo Avanza em Portugal expande-se com o apuramento para a exploração dos transportes urbanos da Covilhã - Covibus.
2013, o grupo Avanza (responsável por cerca de 1.900 autocarros e com 5.200 colaboradores) é adquirido pelo grupo mexicano ADO - Autobuses de Oriente ADO, S.A. O grupo mexicano tem origem em 1939 e é responsável por mais de 6.000 autocarros e 21.000 colaboradores.
Em 2015, o grupo detinha a concessão de 28 redes de transporte urbano em Espanha e duas em Portugal, atingindo a sua frota total mais de 740 autocarros.
Operação
Iniciou a atividade em Novembro de 2004, com 4 linhas (L1 - L4) a operarem em regime diurno nos dias úteis e aos sábados de manhã, abrangendo quase totalmente a zona urbana da cidade e algumas zonas suburbanas, como a Zona Industrial de Constantim, Hospital / Lordelo e Parada de Cunhos. As quatro linhas tem uma extensão de 43 quilómetros, variando cada uma entre os 9 e os 12,5 quilómetros.
Ao longo do período de concessão realizaram-se alguns ajustes, tendo por base as necessidades de deslocação nas zonas abrangidas pela concessão e alguns inquéritos de mobilidade realizados. Em 2006 foi criada uma quinta linha, servindo as zonas de Constantim e Arroios.
![]() Em 2012 o volume de passageiros transportados ultrapassa 1,6 milhões.
Em 2012 e antevendo o fim do período da concessão em vigor, a Corgobus apresenta à Câmara Municipal de Vila Real uma proposta de reformulação:
O Tribunal de Contas recusou o visto, por considerar como substanciais as alterações ao contrato inicial (a prorrogação por 20 anos, o alargamento da rede, o plano de investimentos, o modelo de partilha de riscos e receitas e a fórmula de atualização das subvenções), apesar de reconhecer as razões de interesse público invocadas pela Câmara, todavia insuficientes, existindo outras questões como o princípio da concorrência que se sobrepõe, e que com a solução encontrada ficará sempre a dúvida sobre se um procedimento concorrencial aberto não permitiria obter melhor solução para satisfação do interesse público.
Em Março de 2015 é publicado um novo concurso, que viria a ser ganho pela Rodonorte. Os dois concorrentes com melhor qualificação, Rodonorte e Corgobus apresentam uma proposta de comparticipação de apenas 200 mil euros anuais, um valor que representa para os 10 anos da concessão (2016-2025) uma poupança de quatro milhões de Euros para o município, face ao contrato em vigor entre 2004 e 2014.
Frota
![]() Ostentam uma imagem em tons de azul com motivos alusivos ao concelho, escolhida por votação pelos Vila-realenses que reagiram ao mote "Decide como queres o teu autocarro Corgobus", tendo a transportadora apresentado três proposta de desenho com os temas "encostas", "faixas" e "palácio".
Em 2005, o parque é reforçado com dois autocarros usados Pegaso 6424 provenientes de Madrid, utilizados sobretudo como frota de reserva.
Em 2008 a frota cresce com a entrada ao serviço de dois autocarros Volvo B7R com carroçaria produzida pela CAMO, num investimento de 370 mil euros. A estes dois veículos, junta-se ainda um autocarro usado MAN de tamanho médio.
![]() De uma frota inicial de 10 autocarros de tamanho médio, a concessão atinge 17 veículos, destacando-se os 4 autocarros de maior dimensão.
Em Novembro de 2014 assinala-se o 10º aniversário do inicio do serviço. Com o fim do período contratual, a Câmara prorroga o contrato, assumindo o material circulante como contrapartida pela diminuição do custo a pagar ao operador. A 31 de Dezembro de 2015 termina a exploração pela Corgobus e transitam para o novo operador - TUVR - Transportes Urbanos de Vila Real praticamente todos os veículos que constituem a frota, sendo retirados de serviço os que foram adquiridos pela Corgobus para reforço ao longo da sua operação, 21, 22, 23, 24 e 25.
Por Leandro Ferreira
Atualizado em 25 de Dezembro de 2016
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