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» Faróis de Portugal
![]() Do Berço à Idade Adulta Breve Introdução Histórica Navegar próximo à costa sempre foi complicado, sobretudo à noite, quando a visibilidade era praticamente nula. Rochas submersas e bancos de areia eram algumas das armadilhas montadas. Aos poucos, fogueiras iam sendo montadas em locais isolados ou mais atreitos a acidentes, sobretudo por frades, dada a localização, muitas vezes isolada, de conventos. Exemplos disto são os faróis do Cabo S. Vicente, da Nossa Senhora da Guia e da Nossa Senhora da Luz, construídos no século XVI. Este último farol, por muitos considerado o mais antigo farol português, estava localizado a Norte da Barra do Douro. Portugal teve que esperar até 1761, altura em que, por alvará pombalino, os faróis passaram a organização oficial e a sua construção foi encarregada à Junta de Comércio. O mesmo alvará mandou edificar seis faróis, dos quais apenas cinco foram de facto edificados: Nossa Sra. da Guia [1761], Cabo da Roca [1772], S. Julião da Barra [1761], Bugio [1775] e Serra da Arrábida [1775]. Só em 1790 se vieram juntar mais dois faróis, Cabo Carvoeiro e Cabo Espichel. Por alturas de 1835, o Ministério da Fazenda assume a responsabilidade dos Faróis Nacionais e é, então, autorizada a construção de mais cinco edificações: Berlenga [1840], Cabo S. Vicente [1846], Cabo de Santa Maria [1851] e Cabo Mondego [1851]. Vinte anos depois, nova transição, desta para o recém-criado Ministério das Obras Públicas, e em 1864 é nomeada uma comissão, presidida pelo Eng. Hidrográfico Francisco Maria Pereira da Silva, para estudar uma outra passagem da tutela dos faróis, para o Ministério da Marinha. Deste estudo resultam melhoramentos nos faróis já existentes e a construção do farol do Cabo Mondego. Contudo, a tutela da Marinha sobre os faróis foi sol de pouca dura, uma vez que em 1866 regressou à Direcção Geral de Telégrafos e Faróis. Também do projecto do Eng. Pereira da Silva, nasceram os faróis de Esposende [1866], Santa Marta [1868], Ponta de S. Lourenço [1870], Ponta do Arnel [1876] e do Cabo de Sines [1880]. Em 1881 é nomeada a Comissão de Faróis e Balizas, sob a tutela da Marinha, novamente em 1892, até aos dias de hoje. Dez anos depois, São criados os faróis de Aveiro, Cabo Raso e Ponta do Altar [todos em 1893], Sagres [1894], Ilhéu de Cima [1900], Ferraria [1901], Nazaré [1902] e Capelinhos [1903]. Em suma, até 1906 são criados 39 novos faróis ou luzes e reformados outros 13. De seguida, apareceram os faróis da Serreta [1908], Ponta das Lajes [1910], Ponta da Piedade [1913], Gibalta e Esteiro [1914], Ribeirinha [1919], Ponta do Pargo [1922], Vila Real de Santo António [1923], Albarnaz [1924], Leça e Gonçalo Velho [1930], Contentas [1934] e Ponta da Ilha [1946]. Em 1924 é criada a Direcção de Faróis, entidade subordinada à Marinha responsável, até aos dias de hoje, pelos faróis e farolins da Costa Portuguesa. Em suma, existem em Portugal [Continente e Ilhas] 50 faróis e 338 farolins, já para não falar em balizas, bóias, sereias e afins, elementos auxiliares de navegação também subordinados àquele organismo. "Actualmente, e de acordo com o quadro jurídico estabelecido através dos Decretos-Lei nºs 43/2002 e 46/2002, ambos de Março, que estabelecem as competências da sinalização marítima costeira e portuária, estão a ser efectuados contactos e protocolos com as autoridades portuárias de modo a efectuar a passagem de património e a respectiva responsabilidade deste assinalamento para as mesmas." in Marinha
Simbologia e Nomenclatura Antes, contudo, de falar mais pormenorizadamente dos faróis nacionais, convém explicar a legenda de cada farol. Peguemos no exemplo da legenda do farol do Cabo da Roca: Local: Cabo da Roca - Sintra indica a localização do farol Altura: 22 m altura da torre do farol Altitude: 165 m altura vertical desde a lanterna do farol até ao nível médio das águas do mar Luz: Rl (4) Br 18s Carácter da Luz Alcance: 26 M alcance nominal da luz do farol, isto é, o alcance dessa luz numa atmosfera homogénea com visibilidade meteorológica de dez milhas náuticas. Ano de Construção: Ano em que a edificação foi concluída. Ano de Automatização: Ano em que o farol prescindiu da necessidade de faroleiros. Farol de Montedor ![]() Sete anos depois sofreu bastante com uma tempestade, tendo
ficado com várias janelas partidas, telhas arrancadas e portas arrombadas. Em 1947 é ligado à rede pública de electricidade e o terreno em seu redor foi vedado e 40 anos depois é automatizado. Localização: Montedor [41º 45' N; 8º 52,2' W]Altura: 28 m Altitude: 103 m Luz: Rl (2) Br 9.5 s Alcance: 22 M Ano de construção: 1910 Ano de automatização: 1987 Farol do Forte de S. João Baptista ![]() Localização: Esposende [41º 32' N; 8º 47' W] Altura: indisponível Altitude: 15 m Luz: indisponível Alcance: 21 M Ano de construção: 1866 Ano de automatização: indisponível Farol de Leça ![]() Foi, também, escola de faroleiros, entre 1926 e 1962, onde os cursos elementar e complementar de faroleiro eram ministrados. Em 1979 é iniciado o processo de automatização dos farolins
do Porto de Leixões e do farolim de Felgueiras, que passaram a ser controlados
a partir do Farol de Leça. Localização: Leça da Palmeira [41º 12' N; 08º 42' W] Altura: 46 m Altitude: 57 m Luz: Rl (3) Br 14 s Alcance: 28 M [~51 km] Ano de construção: 1926 Ano de automatização: 1979 Farol da Barra de Aveiro ![]() Apenas em 1893 entrou ao serviço, tornando-se no farol com a mais alta torre em Portugal e um dos maiores da Europa. Foi equipado originalmente com uma lâmpada de incandescência a vapor de petróleo e um aparelho óptico de 1ª ordem. A rotação era assegurada por uma máquina de relojoaria. Somente em 1898 a sereia a ar comprimido, instalada originalmente em 1898 no molhe, foi transferida para defronte do farol, e já em 1908 foi substituída por um outro aparelho a vapor. Em 1935 o sinal foi re-instalado no topo do edifício do farol uma vez que a estrutura onde se encontrava foi derrubada pelo mar. No ano seguinte foi electrificado e em 1947 o aparelho óptico foi substituído por um outro de 3ª ordem. A lâmpada passou a ser de filamento, ficando a anterior de reserva. No ano seguinte é instalado um radiofarol e em 1950 é ligado à rede eléctrica, sendo mais uma vez substituída a lâmpada por uma de 3.000 W. A torre é munida de elevador em 1958 e nesse ano a potência da lâmpada é diminuída para um terço. Localização: Barra de Aveiro [40º 38,64' N; 08º 44,79' W] Altura: 62 m Altitude: 66 m Luz: Rl (4) Br 13 s Alcance: 23 M [~43 km] Ano de construção: 1893 Ano de automatização: 1990 Farol do Cabo Mondego ![]() Em 1902, decidiu-se que a luz, que até então era branca e
fixa, passou a ser branca ritmada, com dois clarões. Em 1916 foi elaborada uma proposta para mover o farol para
outra posição, sendo que, por este motivo, o farol inicial do Cabo Mondego foi
demolido. A edificação actual foi construída mais a norte que a primeira, entre
1917 e 1922, e foi munida da antiga óptica do farol do Penedo da Saudade. O terreno do antigo farol foi cedido à Empresa Industrial e
Mineira, em 1924, em troca do terreno da actual edificação. Em 1941 o farol foi electrificado e em 1947 foi ligado à
rede pública de electricidade. O primitivo dispositivo que assegurava a rotação do aparelho óptico só foi substituído em 1982 por uma máquina eléctrica. Foi também o ano de uma remodelação das instalações eléctricas. Em 1988 foi automatizado. Localização: Cabo Mondego, Figueira da Foz [40º 11,53 N; 08º 54,23 W]Altura: 15 m Altitude: 97 m Luz: Rl Br 5s Alcance: 28 M [~52 km] Ano de construção: 1917 - 1922, em substituição da antiga construção. Ano de automatização: 1988 Farol de Buarcos ![]() Altura: indisponível Altitude: indisponível Luz: Iso Br Vm Vd 6s9 Alcance: 5 M Ano de construção: indisponível Ano de automatização: indisponível Farol do Penedo da Saudade ![]() Esteve apagado 3 anos devido à Primeira Grande Guerra, de 1916 a 1919. Em 1947 foi electrificado e 3 anos depois tornou-se num farol aeromaritimo. Em 1980 foi ligado à rede públida de electricidade e automatizado. Em 1983 sofreu grave danos devido a uma trovoada. Altura: 32 m Altitude: 55 m Luz: Rl (2) Br 15 s Alcance: 30 M Ano de construção: 1912 Ano de automatização: 1980 Farol do Forte de S. Miguel Arcanjo ![]() Altura: indisponível Altitude: 49 m Luz: Oc 3s [côr indisponível] Alcance: 15 M Ano de construção: 1903 Ano de automatização: indisponível Farol da Berlenga O farol da Berlenga localiza-se na Ilha Berlenga, a maior do arquipélago das Berlengas. Constou de início de alvará pombalino, em 1758, mas foi somente em 1836 que as obras começaram. Originalmente, o farol contava apenas com uma torre de alvenaria quadrangular de 29 m de altura, sendo que as construções auxiliares foram sendo-lhe acrescentadas posteriormente, de 1851 a 1860. Só entrou em funcionamento em 1842. ![]() «O Prémio Defesa Nacional e Ambiente, que tem como objectivo incentivar as boas práticas ambientais nas Forças Armadas Portuguesas, foi atribuído à Direcção de Faróis em 2001, pela candidatura apresentada pela Marinha portuguesa, “Energia Solar no Farol das Berlengas”.» Altura: 29 m Altitude: 121 m Luz: Rl Br 10 s Alcance: 27 M Ano de construção: 1836 - 1841 Ano de automatização: 1985 Farol do Cabo Carvoeiro ![]() Localização: Cabo Carvoeiro [36º 21' N; 9º 24' W] Altura: 27 m Altitude: 57 m Luz: Rl (3) Vm 15 s Alcance: 15 M Ano de construção: 1790 Ano de automatização: 1988 Farol da Ericeira ![]() Altura: indisponível Altitude: 34 m Luz: Oc Vm 3s Alcance: 6 M Ano de construção: indisponível Ano de automatização: indisponível Farol do Cabo da Roca ![]() Em 1843 viu montado um novo aparelho de rotação, composto de dezasseis candeeiros de Argand com reflectores parabólicos. Em 1883 foi aprovada a instalação de um farol eléctrico e de um sinal sonoro, com um aparelho óptico de 4ª ordem movido por engrenagens, que, devido à crise económica de então, só se viria a acender 14 anos depois, em 1897, sendo que o sistema de reserva era composto por um candeeiro a petróleo de 3 torcidas. Neste ano entrou, também, em funcionamento uma sereia a vapor. Vinte anos depois, construiu-se uma instalação produtora de gás acetilénico, já que o gás do mercado não tinha a pureza adequada ao material instalado. Em 1932, o sinal sonoro é substituído por um outro, a ar comprimido, por sua vez substituído por uma sereia eléctrica em 1982 e extinto em 2000. Em 1937, é instalado um rádiofarol que viria a ser extinto em 2001 por deixar de ter interesse para a navegação. Em 1946, o aparelho óptico é substituído por um aero-marítimo que, logo no ano seguinte, é substituído por outro, de 3ª ordem, com uma lâmpada de 3000W. Em 1949 foi ligado à rede pública de abastecimento de água e em 1980 à de distribuição eléctrica. Em 1990 o farol foi automatizado e a instalação produtora de gás acetileno encerrada por se ter substituído a utilização deste pela energia fotovoltaica. Este farol, juntamente com o do Cabo Espichel, define o primeiro Alinhamento da entrada da Barra de Lisboa. Ainda hoje é guarnecido por três faroleiros, que asseguram a assinalamento marítima entre o Cabo da Roca e a Ericeira. Localização: Cabo da Roca - Sintra [38º46'.99 N; 9º29'.75 W] Altura: 22 m Altitude: 165 m Luz: Rl (4) Br 18s Alcance: 26 M [~48 km] Ano de construção: 1772; Sofreu grandes remodelações em 1843 Ano de automatização: 1980 Farol do Cabo Raso
Contudo, devido a problemas orçamentais, em 1894 entrou em
funcionamento o Farol do Cabo Raso, munido do antigo aparelho de Olhão,
entretanto obsoleto para a região. A luz era fixa, vermelha e fruto da queima
de petróleo. Estava montada sobre um sistema que permitia a sua recolha durante
o dia, tendo um alcance que rondava as 5 M. Em 1915, foi montada uma torre metálica de 13 m, elevando para 23 m a altitude da luz. Em 1922 o aparelho óptico foi substituído por um novo, sendo que o carácter da luz foi alterado, passando de vermelho fixo para ritmada vermelha com dois relâmpagos a cada 10 segundos. Em 1947 o farol é electrificado e em 1969 é ligado à rede pública de electricidade, sendo automatizado em 1984. Também neste ano a óptica é novamente substituída por uma do tipo PBR-46. Esta última óptica é substituída no final de 2003 por uma lanterna. Localização: Cabo Raso - Sintra [38º 42' 34,67'' N; 09º 29' 12,38'' W]Altura: 13 m Altitude: 23 m Luz: Oc (3) Br 15s Alcance: 20 M Ano de construção: 1894 Ano de automatização: 1984 Farol da Guia ![]() O actual farol foi edificado em 1761, por ordem de alvará pombalino, sendo um dos 5 faróis edificados por ordem desse alvará. Inicialmente, emitia luz branca, fixa, com um alcance de 13 M num sector de 240º, a partir de 16 candeeiros de Argand, do alto de uma torre de oito faces construída em alvenaria. Em meados do séc XIX, a torre é forrada a azulejos brancos. Em 1879, é-lhe substituído o aparelho óptico iluminado por um candeeiro alimentado a gás de petróleo, posteriormente, em 1897, substituído por outro de duas torcidas. O alcance passou a ser de 15 M, num sector de quase 290º. Em 1938, o candeeiro é substituído por um eclipsor a gás,
sendo a carácter alterado para 3 relâmpagos a cada 15 s, num alcance de 21M. É,
também, instalada uma luz vermelha fixa na direcção do enfiamento com o Farol
de Santa Marta. Em 1957 é electrificado. Também neste ano, a lanterna
vermelha é-lhe retirada, sendo a sua óptica dotada de um filtro dessa cor. É
automatizado em 1982. Altura: 28 m Altitude: 58 m Luz: Iso Br Vm 2s Alcance: Br 19 M; Vm 16 M Ano de Construção: 1761 Ano de Automatização: 1982 Farol de Santa Marta
Já em 1936, a torre foi novamente aumentada em 8 m, devido à crescente pressão urbanística. Esta empreitada custou, na altura, 32.775$00.Em 1953 é electrificado com energia da rede pública, havendo um sistema de reserva da fonte luminosa por incandescência de acetileno. A luz passou de vermelha fixa para vermelha de ocultações. Em 1964, a instalação de reserva à base de acetileno é desmontada, uma vez que no seu lugar foi instalado um grupo electrogéneo. Em 1980/1981 o farol é automatizado. Em 2000 as habitações do farol são cedidas à Câmara Municipal de Cascais para a criação de um pólo museológico dedicado aos faróis. O farol encontra-se, agora, em obras de restauro. Altura: 20 m Altitude: 25 m Luz: Oc Br/Vm 6s Alcance: Br 18 M; Vm 14 M Ano de construção: 1868 Ano de automatização: 1981 Farol do Forte de S. Julião da Barra ![]() Localização: Forte de S. Julião da Barra de Lisboa, Oeiras [38º 40' N; 9º 19'W] Altura: 24 m Altitude: 39 m Luz: Oc Vm 5s Alcance: 14 M [~26 km] Ano de construção: 1775 Ano de automatização: 1980 Farol da Mama Sul ![]() Localização: Serra de Carnaxide [38º 43'.00'' N; 9º 13'.99 W] Altura: 15 m Altitude: 82 m Luz: Iso Br 6s Alcance: 21 M [~39 km] Ano de construção: 1857 Farol do Esteiro ![]() Foi concluído em 1914, juntamente com o primeiro farol da Gibalta [entretanto demolido]. O seu aparelho óptico é do estilo "Olho de Boi" em que a sua luz varre apenas um sector de 15º do horizonte. A Segunda Guerra Mundial ditou o seu encerramento de 1916 e 1918. Em 1926 foram-lhe pintadas duas riscas horizontais vermelhas na face sudoeste. Foi ligado à rede pública de energia eléctrica em 1951, tendo um motor-gerador auxiliar de emergência no caso de falha, ano em que a sua luz mudou de fixa vermelha para ritmada. Em 1957 foi montado um novo equipamento eléctrico que no caso da falha de corrente, passa automaticamente a gás acetileno. Viu instalado no exterior da torre, de 1960 a 1961 e em 1970 lâmpadas vermelhas fluorescentes, para tornar o tornar mais visível. As luzes colocadas em 1970 acabaram, também, por ser retiradas anos mais tarde. Em 1981 foi automatizado, sendo monitorizado a partir da central de Paço de Arcos e em 1997 passou a funcionar em regime permanente todo o ano. Localização: Esteiro - Mata do Estádio Nacional [38º 42' 30'' N; 9º 42' 30'' W] Altura: 15 m Altitude: 82 m Luz: Oc Vm 6s Alcance: 21 M [~39 km] Ano de construção: 1914 Ano de automatização: 1981 Farol da Gibalta
Farol do Forte de S. Lourenço da Cabeça Seca Instalado no Forte de São Lourenço da Cabeça Seca, construído no Alpeidão [ou Cabeça Seca ou ainda Cachopo Sul], um banco de areia permanente [não estático] na foz do rio Tejo, originalmente terminado em 1657, o farol do Forte, conhecido como Bugio, é uma das mais carismáticas construções deste género no Mundo. A actual estrutura data de 1775, uma vez que a antiga fortaleza, assim como o antigo farol, foram parcialmente destruídos pelo terramoto de 1755. A ideia original consistia em construir uma fortaleza que permitisse proteger o canal da Trafaria, um pequeno canal no extremo sul da foz do rio. Contudo, a estrutura foi concebida tendo em vista proteger as águas calmas do Tejo com fogo cruzada não só com a fortaleza da Trafaria [protegendo, assim, o tal canal] mas também com outro forte da mesma altura, o de São Gião da Barra [mais tarde S. Julião], de piratas e corsários franceses. ![]() Em 1945 o interesse militar sobre o forte acabou, passando este a ter uma função exclusivamente de auxílio à navegação marítima. As guarnições de militares foram sendo gradualmente substituídas por faroleiros e suas famílias. Pensa-se que o nome Bugio pelo qual é conhecido se deva aos bate-estacas da sua construção, à palavra francesa bougie (vela), ou à sua localização relativa, pois há inúmeros locais noutras barras com a mesma denominação. Em 1994 foi instalada uma lanterna omnidireccional de 300 mm de luz eclipsada, e um novo sinal sonoro, passando a funcionar com energia solar. Em virtude da sua posição, o forte de S. Lourenço tem sofrido ao longo dos anos, vários danos provocados pelo mar. Segundo documentos existentes, assim aconteceu em 1788, 1804, 1807 e 1818, tendo por isso sido objecto de várias obras de reparação e consolidação. As últimas grandes intervenções ocorreram em 1952, 1981 e designadamente em 2000 quando toda a estrutura esteve em risco de desabar. Pela forma isolada como se encontra no mar, balizando a mais frequentada das nossas barras, dando acesso ao mais importante porto do País, e ainda pela qualidade arquitectónica da fortaleza, o Bugio constituiu sempre um pólo de grande atracção. Localização: Cachopo Sul, Barra do Rio Tejo, Lisboa [38º39'.70 N; 9º17'.85 W] Altura: 16 m Altitude: 28 m Luz: Rl Vd 5s Alcance: 9 M [~16 km] Ano de entrada ao serviço: 1775, após derrocada da anterior estrutura; sofreu posteriores remodelações. Ano de automatização: 1981 Farol do Cabo Espichel ![]() Em 1883 foi-lhe intalado um novo aparelho óptico que alterou o carácter da luz para quatro clarões brancos e um alcance de 28 M. Era, até 1886, alimentado a azeite, passando, a partir de então, a ser alimentado por vapor de petróleo e em 1926 foi electrificado. Também em 1886, foi-lhe instalado o primeiro sinal sonoro, um sino accionado mecanicamente, substituído, apenas, aquando da electrificação por uma sereia de ar comprimido, actuada por um motor de explosão, que produzia um som de 5 segundos a cada 15. Ainda hoje existe no local apesar de desactivada. No início do Século XX, os edifícios anexos à torre foram aumentados em ambos os lados. Em 1947 é montado um novo aparelho óptico, anteriormente instalado no farol do Cabo da Roca, tornando-se num farol aero-marítimo, que produzia relâmpagos simples com um alcance de 42 M. No ano seguinte foi instalado um rádio farol, modernizado em 1953 e em 1981 foi substituído por um moderno equipamento de construção nacional. O farol tem hoje um alcance de 26 M e está totalmente
automatizado desde 1989, apesar de ser guarnecido por três faroleiros. Altura: 32 m Altitude: 168 m Luz: Rl Br 4s Alcance: 26 M [~48 km] Ano de construção: 1790 Ano de automatização: 1989 Racon B ![]() Altura: indisponível Altitude: indisponível Luz: Rl (2) Vm 10s Alcance: 9 M Ano de construção: indisponível Ano de automatização: indisponível Farol do Forte do Cavalo
O farol propriamente dito, assim como os alojamentos para os
faroleiros que o guarneciam, foram erigidos na bateria superior do forte em
meados de Novembro de 1895, entrando em funcionamento em Setembro do ano
seguinte, emitindo uma luz vermelha, fixa, do alto de uma torre de 6 m. Em Fevereiro de 1940, transita para o Ministério da Marinha,
enquanto que o forte transita para o Ministério das Finanças. Em 1959, a torre branca foi pintada de vermelho, cor que actualmente ostenta. Em 1972 é electrificado e onze anos depois é remodelado e automatizado, passando a utilizar lâmpadas de halogéneo com cambiador. Possui, nos dias de hoje, uma óptica dióptrica.catadióptrica de Fresnel de 5ª ordem, com 187,5 mm de distância focal, instalada no alto de uma torre de 7 m, estando o plano focal a 35 m de altitude. Localização: Forte de S. Teodósio, Sesimbra [38º 26' 4,3'' N; 09º 6' 59,8'' W] Altura: 7 m Altitude: 35 m Luz: Oc Br 5s Alcance: 14 M Ano de construção: 1896 Ano de automatização: 1972 Farol do Outão ![]() Altura: indisponível Altitude: indisponível Luz: Oc Vm 6s Alcance: 12 M Ano de construção: indisponível Ano de automatização: indisponível Farol da Azeda ![]() Altura: indisponível Altitude: indisponível Luz: Iso Am 6s Alcance: 22 M Ano de construção: indisponível Ano de automatização: indisponível Farol do Cabo de Sines ![]() O edifício do farol era composto de três corpos, sendo os dois inferiores compostos, cada um, de um pavimento, e o superior constituído por uma torre cilíndrica, tendo no coroamento uma varanda de ferro, e na parte superior um corpo cilíndrico de menor diâmetro, sobre o qual assentava a lanterna. Em 1950 passa a funcionar como farol aeromaritimo e, por alteração da fonte luminosa, vê o seu alcance reduzipo para 42 M. Em 1993 a sua torre é aumentada e o aparelho óptimo removido. Foi, depois em 1995, substituído por um outro de 4ª ordem com lâmpadas de 1.000 W, que lhe garantem um alcance de 26 M. Localização: Cabo de Sines [37º57'.65 N; 8º52'.74 W] Altura: 22 m Altitude: 56 m Luz: Rl (2) Br 15s Alcance: 26 M [~48 km] Ano de construção: 1880; a torre foi elevada em 1993. Ano de automatização: 1995 Farol do Cabo Sardão Proposto pela primeira vez em 1883, o Farol do Cabo Sardão entrou em funcionamento apenas a 15 de Abril de 1915. ![]() Até aos anos cinquenta, o serviço de entrega e recepção de correio do farol era feito por uma estafeta, cujo vencimento era de 200$00 mensais, destinado a retribuir «16 viagens por mês, a pé, de mais de 20 quilómetros cada, e por péssimo caminho, parte dele quase intransitável no Inverno», viria pouco mais tarde a ser aumentada para 300$00. O farol foi ligado à rede eléctrica de distribuição pública em 1984. A potência da fonte luminosa foi reduzida, sendo instalada uma lâmpada de 1000 watts. Localização: Cabo Sardão, Costa Vicentina [37º 35,8' N; 08º 48,9' W] Altura: 17 m Altitude: 68 m Luz: Rl (3) Br 15s Alcance: 23 M [~43 km] Ano de entrada ao serviço: 1915; Em 1950 foi instalada uma nova lanterna; remodelado na sua totalidade em 1999. Ano de automatização: 1984 Farol do Cabo S. Vicente O farol do Cabo S. Vicente, o farol de D. Fernando, foi mandado erigir por D. Maria II, tendo entrado em funcionamento em Outubro de 1846. O farol, então, era iluminado a azeite e o carácter da luz era de dois clarões de 2 segundos a cada 2 minutos de período, sendo que o alcance luminoso rondava as 6 milhas náuticas. ![]() Apenas em 1897, devido ao estado precário do farol e do pouco rendimento da sua luz, iniciaram-se os trabalhos de remodelação. Assim, a torre foi aumentada em 5.70 m e o aparelho óptico inicial foi substituído por um novo, mais avançado. As obras duraram 11 anos e em 1897 o farol começou a trabalhar com um novo aparelho, hiper-radiante. «Com efeito, foi instalado um aparelho lenticular de Fresnel de 1330mm de distância focal – o que lhe confere a categoria de hiper-radiante, actualmente a maior óptica que existe nos faróis portugueses e um dos dez maiores do mundo, consistindo em três painéis ópticos de 8 metros quadrados com 3,58m de altura, flutuando em 313 kg de mercúrio. A fonte luminosa instalada, era um candeeiro de nível constante de 5 torcidas, passando, anos mais tarde, a funcionar com a incandescência pelo vapor de petróleo. A rotação da óptica era conseguida através de um mecanismo de relojoaria.» O farol passou então a ter um período de 15 segundos e 5 relâmpagos. O alcance luminoso rondava as 33 milhas. Em 1914 foi instalado um sinal sonoro e em 1926 foram instalados motores-geradores para permitir a substituição da lanterna a vapor de petróleo por uma lâpada eléctrica. Dadas as exigências da Segunda Guerra Mundial, em 1947 foram-lhe instalados painéis deflectores, tornando-se, assim, num farol aeromarítimo e em 1948 foi ligado à rede pública de energia eléctrica. Um ano depois, foi instalado em rádio farol que funcionou até 2001. Em 1982 foi automatizado e tornou-se controlador do farol de Sagres. Localização: Cabo S. Vicente, Sagres [37º01'.28 N; 8º59'.72 W] Altura: 28 m Altitude: 86 m Luz: Rl Br 5s Alcance: 32 M [~60 km] Ano de entrada ao serviço: 1846 Ano de automatização: 1982 Farol da Ponta de Sagres ![]() Altura: indisponível Altitude: indisponível Luz: indisponível Alcance: indisponível Ano de construção: indisponível Ano de automatização: indisponível Farol da Ponta da Piedade ![]() Em 1952, o farol é electrificado com energia da rede pública, sendo substituído o candeeiro de petróleo uma lâmpada eléctrica, com um alcance original de 15 M, posteriormente aumentado para 18 M. Quatro anos depois, é montado um novo aparelho de incandescência
eléctrica. Foi automatizado em 1983. Altura: 5 m Altitude: 51 m Luz: Rl Br 7s Alcance: 20 M Ano de entrada ao serviço: 1913 Ano de automatização: 1983 Farol da Ponta do Altar ![]() Altura: 10 m Altitude: 32 m Luz: Rl Br 5s Alcance: 16 M Ano de construção: 1893 Ano de automatização: indisponível Farol do Cabo de Santa Maria ![]() Este farol foi o primeiro em Portugal a receber um aparelho lenticular de Fresnel de 2ª ordem com 700 mm de distância focal, que permitia à luz, branca, um alcance de 15 M, instalado no alto de uma torre cilíndrica de 35 m. Em 1922 a torre foi aumentada 12 m, passando a medir 46 m, ano em que o aparelho óptico inicial foi substituído por um de 3ª ordem, grande modelo, de rotação, iluminado a um candeeiro de petróleo. Três anos depois, este candeeiro viria a ser substituído pela incandescência do vapor de petróleo. Em 1929, devido à acção dos elementos, diversas oscilações
começaram a ser sentidas na torre, o que levou a abras de consolidação que
passaram pela implementação de pilares ao longo de toda a altura do farol, no
exterior da torre, e cintas de cimento armado. Em 1949, é electrificado com a instalação de grupos electrogéneos, substituindo-se a incandescência de vapor de petróleo por incandescência eléctrica. Foram também montados painéis adicionais ao aparelho lenticular, dando-lhe a característica de aeromarítimo e instalado um radiofarol. Já em 1995, foi levada a cabo uma obra para a consolidação
da torre de grande envergadura, que obrigou ao desmantelamento da lanterna e provisória
instalação num andaime. Esta intervenção levou cerca de um ano e em 1997 o
farol é automatizado. Em 2001, o farol aeromaritimo é desinstalado por não mais ter interesse para a navegação. Altura: 46 m Altitude: 50 m Luz: Rl (4) Br 17s Alcance: 25 M Ano de entrada ao serviço: 1851 Ano de automatização: 1997 Farol de Vila Real de Santo António ![]() Em 1927 é electrificado com motores geradores, e
posteriormente, em 1947, ligado à rede pública de electricidade, ano em que a
máquina de relojoaria que, até então, tinha assegurado o movimento do aparelho óptico
foi também substituída por motores eléctricos e a lâmpada por uma outra de 3.000W. Em 1960, os dínamos foram substituídos por alternadores e foi instalado um elevador de acesso à torre. Em 1983, a lâmpada é substituída por uma de 1.000W. Seis
anos depois, o farol é automatizado, estando, portanto, desprovido de
faroleiros nos dias de hoje. Altura: 46 m Altitude: 57 m Luz: Rl Br 6,5s Alcance: 26 M Ano de entrada ao serviço: 1923 Ano de automatização: 1989
Fontes: Este
artigo tem como objectivo iluminar um pouco a história de alguns dos
faróis portugueses, não abordando, pontualmente, alguns faróis insulares. O Transportes XXI agradece a colaboração de todos os intervenientes na elaboração deste artigo.
Pedro Baptista Setembro de 2006 |
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