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» Comboio Presidencial visita Vila Nova de Famalicão
![]() ![]() A iniciativa, organizada em conjunto pela Fundação Museu Nacional Ferroviário (FMNF) e pela Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão, contou com a presença de cerca de 150 convidados que tiveram oportunidade de desfrutar de um passeio histórico que permitiu conhecer o glamour do meio de transporte dos Chefes de Estado e suas comitivas, entre 1910 e 1970. Desde a sua desactivação nos anos 70, a composição entrou em processo de degradação e abandono até Novembro de 2010, quando, numa arrojada e inédita iniciativa a Fundação Museu Nacional Ferroviário inicia o processo de restauro encaminhando para as instalações da Empresa de Manutenção do Equipamento Ferroviário, em Contumil, três carruagens (Chefe de Estado, Comitiva de Segurança e Jornalistas) e o furgão. No ano seguinte juntaram-se a estas as duas carruagens em falta, o salão dos Ministros e o Salão Restaurante.
![]() O salão restaurante (SRyf 2), o salão da comitiva e segurança (Syf 3) e o salão dos Ministros (syf 4) foram produzidos em 1890 pela casa francesa Désouches David & Cie. As restantes carruagens da composição datam de 1930. O furgão (Dyf 408) foi fabricado na Bélgica pela Baume & Marpent. Por sua vez, a carruagem dos jornalistas (A7yf 704) nasceu pela mão do atelier Belga, Nicaise & Delcuve e o salão dos chefes de Estado pela alemã Linke-Hofmann Busch. ![]() A sua utilização possuía vantagens na época relativamente ao automóvel, uma vez que a rede de auto-estradas era ainda escassa e as sinuosas estradas do interior não permitiam uma cómoda viagem. Além dos compartimentos individuais onde os convidados podiam viajar tranquilamente ou dormir, ao longo de toda a composição há diversos espaços que permitiam reunir ou debater. Destacava-se ainda ao permitir refeições a bordo servidas num ambiente de luxo, reduzindo a velocidade da marcha durante a sua realização para tornar mais cómoda a refeição. Na ![]() Nos anos 60, o comboio tinha uma tripulação afecta em permanência de dezoito elementos: um inspector, um serralheiro, um electricista, dois condutores de carruagens, um revisor, um revisor de material, um maquinista, dois inspectores de tracção, dois cozinheiros, dois ajudantes de cozinha e quatro empregados de mesa.
O projecto Passeios Presidenciais - Conservação e Restauro dos veículos afectos ao Comboio Presidencial teve um custo total na ordem de 1,5 milhões de euros e foi candidato a apoios do PIT - Programa de Intervenção do Turismo, do Turismo de Portugal e do QREN/Programa MaisCentro/Redes para a Competitividade e Inovação. ![]() Desde 2009 que a fundação tem realizado paralelamente um exaustivo trabalho de investigação, que permitiu conhecer o mais profundamente possível o passado desta emblemática composição. Esse trabalho permitiu concluir que este “era um comboio ![]() No entanto, sabe-se que uma das utilizações deste comboio realizou-se entre 16 e 18 de Dezembro de 1967 e serviu de apoio à viagem presidencial do Almirante Américo Tomás até à Guarda, para assistir à cerimónia de inauguração das obras de aproveitamento hidroeléctrico (barragens de Aldeadávila e Bemposta) do Douro Internacional, tendo aí permanecido três dias. À saída de Lisboa, a tracção foi assegurada pela locomotiva eléctrica 2552, tendo provavelmente em Coimbra ou Pampilhosa trocado a tracção para uma locomotiva movida a Diesel, uma vez que à época a Linha da Beira Alta não se encontrava electrificada. Uma das últimas utilizações desta composição terá ocorrido a 30 de Julho de 1970, quando acompanhou o longo cortejo fúnebre de António de Oliveira Salazar, desde uma estação improvisada em frente aos Jerónimos até Santa Comba Dão, onde foi sepultado. ![]() ![]() A partida realizou-se pelas 9:30 quando a composição composta por cinco carruagens e um furgão e traccionada pela locomotiva English Electric 1413 inicia a sua marcha rumo ao Norte do País. Apesar da viagem se realizar a um ritmo inferior em relação aos restantes comboios que circulam na linha do Norte, a viagem está longe de ser maçadora. O requinte dos materiais aplicados neste comboio transformam a viagem numa experiência única, onde nenhum pormenor foi esquecido, ou não tivesse sido este comboio concebido para o transporte de altas individualidades do Estado. ![]() A lista de convidados contou ainda com os vencedores do passatempo fotográfico realizado pela Fundação Museu Nacional Ferroviário, garantido desta forma 10 lugares adicionais destinados aos entusiastas, além da presença de membros convidados pertencentes a associações de entusiastas. Paulo Cunha, presidente da edilidade Famalicence argumenta que "a iniciativa serviu para demonstrar, de forma simbólica, que Vila Nova de Famalicão tem um enorme potencial do ponto de vista ferroviário e todas as condições para que os seus pólos ferroviários (Lousado e Nine) tenham cada vez mais dignidade e respeitabilidade no conceito museológico nacional", defendendo ainda "que a via-férrea é uma via de transporte essencial no presente e no futuro". É ambição que "rapidamente o comboio volte aos carris numa dimensão turística, permitindo através da viagem de comboio, uma viagem na história e no tempo e recriar factos históricos relevantes aliados a um conforto ímpar". Por sua vez, Jaime Ramos, presidente da Fundação Museu Nacional Ferroviário, acredita que o interesse demonstrado no comboio Presidencial "seja duradouro ou não fosse o comboio Presidencial um dos ex-libris do património ferroviário Português. Neste sentido estamos certos do seu contributo para uma maior afirmação e credibilidade do património ferroviário português prevendo-se a sua exploração plena enquanto produto turístico para breve". ![]() O actor João Teixeira vestiu a pele de Camilo Castelo Branco, ilustre escritor, romancista, cronista, crítico, dramaturgo, historiador, poeta e tradutor que viveu nos últimos anos da sua vida em São Miguel de Seide, Vila Nova de Famalicão. Em 1892, dois anos após o falecimento de Camilo, nasce em Santa Lucrécia do Louro, freguesia do concelho de Famalicão, Artur Cupertino de Miranda, que viria a ser banqueiro e empresário em diversos ramos de actividade, também esta figura retratada ao longo da viagem. ![]() A paragem seguinte seria Aveiro, para embarque dos convidados da Câmara Municipal de Famalicão, nos quais se destaca Paulo Cunha, presidente da Câmara promotora do evento. Alcançada a estação de Lousado, os convidados foram conduzidos ao pólo museológico do FMNF, onde além de apreciarem o magnífico espólio que ali está patente, tanto em comboios de tamanho real como a enorme maquete à escala 1:87 criada por um grupo de modelista da região do Porto, foram surpreendidos por momentos musicais protagonizados pela Escola Profissional Artística do Vale do Ave. Após o almoço, houve ainda oportunidade para uma visita à Fundação Cupertino de Miranda, onde os convidados visitaram as exposições permanentes e temporárias com o privilégio de serem guiados pelo mestre Cruzeiro Seixas, actualmente a residir no concelho de Famalicão.
A composição deslocou-se em vazio entre Lousado e Famalicão, onde esteve disponível para visita entre as 15 e as 17 horas, retornando posteriormente à estação de Lousado onde iniciou a viagem de regresso ao Entroncamento. ![]() ![]() Em Dezembro de 2013 realizou-se a estreia da composição, numa viagem entre Lisboa-Santa Apolónia e o Entroncamento. No dia 27 de Março, a estreia a norte do Entroncamento e para o Dia dos Museus, a 18 de Maio, está prevista uma viagem até Vila Velha de Ródão com o apoio da Câmara Municipal do Entroncamento. A quarta viagem deverá realizar-se até ao Algarve em data a anunciar. Futuramente é expectável que surja o interesse de promotores privados que dispõem agora de um produto ferroviário de luxo impar no nosso País. Consulte mais fotografias na secção FotoReportagem Actualizado a 30 de Março de 2014
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